quarta-feira, 27 de abril de 2011

Fotos do Grupo



Seminários: Corpo e Política
“Foucault, a genealogia e a história”



Professor Doutor André Itaparica


Espaço de discussão no Hansen


Espaço de discussão no Hansen


Espaço de discussão no Hansen



Seminários: Corpo e Política
“África, imprensa e História:
O caso da Independência de Angola”


Professor Doutor Juvenal de Carvalho - Seminarista da noite - ao lado o orientador do grupo, o Professor Doutor Osmundo Pinho


Espaço de discussão no Hansen
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domingo, 24 de abril de 2011

Huvilo, Uma Identidade Moderna?


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Centro de Artes Humanidades e Letras

Grupo de Pesquisa Corpo e Cultura

Seminários:
Corpo e Política


Huvilo, Uma Identidade Moderna?
Estudo Caso das Estratégias de Construção de Identidade entre Makonde e Yao do Norte de Moçambique


 
Brazão Catopola
Mestrando em Antropologia Social
(UFBA)


Quando: 27 de abril de 2011 –
19:00hs
Onde: Pós-Graduação em Ciências Sociais -
CAHL/UFRB (Prédio do Hansen) 

Informações: http://corpoepolitica.blogspot.com/

terça-feira, 12 de abril de 2011

África, imprensa e História: O caso da Independência de Angola1


Livro Completo: www.gandalf.com.br/editora/carvalho.pdf
*Texto base do seminário  ministrado pelo  professor doutor Juvenal de Carvalho

Juvenal de Carvalho2

Palavras-chave: História; África; Angola; Veja; Imagens da África.



Introdução
Veja: Um olhar sobre a Independência de Angola foi o título da dissertação, resultado final da minha pesquisa de mestrado em História pela UFBA. Este texto descreve os caminhos que segui e as opções que fiz para realizar o trabalho com o objetivo de refletir sobre a utilização da imprensa como fonte para o estudo da História da África.

Inicialmente apresento algumas razões para o estudo da História da África. Seguirei tratando das idéias de África através da imprensa, a partir da análise do discurso da Revista Veja que selecionei para usar como base nesta pesquisa em função do seu papel singular dentro da imprensa brasileira. Explicarei então a opção pela Independência de Angola para depois tratar do olhar que a VEJA teve sobre este processo. Finalmente
apresentarei algumas considerações sobre as possibilidades e limites da utilização da imprensa como fonte para o estudo da História da África.

Razões para o estudo da História da África
No Brasil, a partir dos anos 70, teve lugar um trabalho de renovação historiográfica que estava repensando a História do país, especialmente o lugar do negro na sociedade brasileira. Apesar disto havia, no meu ponto de vista, uma lacuna. Nós, ainda hoje, conhecemos muito pouco, ou quase nada, sobre o continente africano, suas histórias, suas culturas, seus povos. A gravidade de tal desconhecimento pode ser medida pela afirmação de Bernardo Vasconcelos, parlamentar do Império que afirmou ser o Brasil um país de negros com um leve caiamento branco, em outras palavras, o Brasil foi também civilizado pela África3. O que parece espantoso é que mesmo reconhecendo isto, mais de um século depois, ainda se estuda muito pouco a História da África.

A lei 10639/03 ainda não modificou esse quadro com a radicalidade necessária, mas ela abriu caminhos estimulantes. As licenciaturas incorporaram a História da África em seus currículos obrigatórios. Os programas de pesquisa ligados à História e a cultura dos afro-brasileiros e africanos se multiplicam em todas as áreas. Letras, Geografia, artes, antropologia são exemplos disto. Proliferam também cursos de Pós Graduação, especializações, cursos de extensão e formação continuada para professores da educação básica. Aumenta o número de mestrados e doutorados nesta área. Também vem ganhando espaço as publicações voltadas para o tema, muito embora nem sempre o que chega ao alcance da maioria dos interessados seja produzido pelos principais especialistas e ainda não existe quase nada de publicação de estudiosos de outros países, particularmente dos próprios países africanos. Apesar disto é possível estudar e tentar conhecer as Histórias das Áfricas.

Existe, entre nós, um conhecimento sobre o continente africano produzido, criado e recriado, preservado e renovado na sabedoria dos terreiros, nas rodas de capoeira, nos grupos artísticos, nos grupos remanescentes de quilombos. Os estudos acadêmicos, por sua vez, ainda não possuem uma densidade significativa. Na maioria dos casos estão concentrados nas relações Brasil-África. Alguns partem das ligações religiosas. Outros, dos laços comerciais. Temos ainda os estudos que se ocupam das relações diplomáticas e os que utilizam a literatura africana em língua portuguesa como caminho para conhecer a África. Embora sejam caminhos indiretos, são possibilidades interessantes para conhecermos um pouco o continente que também civilizou o Brasil. Seguindo esta trilha dos caminhos indiretos, resolvi usar a imprensa para pensar como as imagens da África são construídas, e reproduzidas, pelas classes dirigentes brasileiras. Trata-se do estudo não sobre a África, mas sobre a idéia que dela se faz aqui no Brasil.

A idéia de África
O estudo sobre as idéias de África é relevante porque o imenso contingente de africanos transportados para o Brasil sofreu um violento processo de dominação física e cultural. Um traço marcante desta dominação foi a estratégia das classes dirigentes de hierarquizar as culturas para difundir a idéia de inferioridade que justificasse o tráfico ea escravidão. O ocidente, branco e cristão, era tomado como paradigma de desenvolvimento para, partindo dele, classificar as demais sociedades. O estágio técnico-econômico deste ocidente branco seria o sinal de sua superioridade cultural. Segundo José Honório Rodrigues, as origens destas imagens podem ser localizadas já no século XVI, construída pelos portugueses nos seus primeiros contatos, sendo realimentadas pelo longo período do tráfico atlântico4.

O segundo passo deste processo foi a construção de uma imagem negativa do negro. A ele está associado tudo que é "feio", "ruim" e "demoníaco". África surge nesta imagem como símbolo do primitivismo, da selvageria, do atraso, do misticismo, da feitiçaria, da irracionalidade, do exotismo, do não-civilizado. Afastar-se disto seria a condição para ser assimilado, aceito pela "Civilização" representada pelas classes dirigente branca de mentalidade européia. O evolucionismo social, que hierarquiza as culturas e considera o outro, o diferente, como inferior ou, pior ainda, não-humano, revela-se aqui com nitidez.

Este padrão de abordagem que atribui às características dos africanos e seus descendentes um valor negativo, inferior, se completa num outro padrão, a saber: o da omissão. O continente africano desaparece do mapa, não existe, não é citado. O silêncio só é rompido para trazer a tona registros que se encaixem e confirmem conceitos preestabelecidos do africano irracional, primitivo, desumano e sem cultura.

As idéias de África através da imprensa
Neste estudo analisei como essa ideologia se renova e se reproduz no tratamento que a revista Veja deu ao processo de independência de Angola. Tratava-se justamente de discutir como esses padrões de abordagem, que visam construir uma imagem negativa do africano e seus descendentes, se reproduzem nas consciências dos brasileiros. A consolidação de tais representações realimenta a exploração e o massacre que os diversos povos africanos escravizados vêm sofrendo nestes 500 anos de "dominação colonial".

A reprodução destas imagens negativa segue os mais variados caminhos. As histórias para dormir, os contos populares, o humor “negro" e a música são alguns mecanismos de grande alcance.5 No século XX, um novo veículo ganhou importância decisiva, para não falarmos de primazia, na formação do imaginário nacional: Os órgãos de imprensa, transformados em veículos de comunicação de massa, atingiram ao mesmo tempo todos os locais, classes e segmentos do país. Partindo desta constatação de que a imprensa é um dos formadores do imaginário coletivo, cabe então perguntar como ela se relaciona com esta política das classes dirigentes brasileiras de romper todos os laços com a África, de construir essas imagens negativas. Como esses padrões de abordagens aparecem na imprensa brasileira?

A opção pela imprensa tinha mais um motivo. Considero que a luta pela hegemonia entre as diversas classes sociais, numa determinada sociedade, implica, também, numa luta pela imagem que cada uma faz de si mesma e das suas adversárias. A repressão, a conversão religiosa, as festas, as artes, a escola, os meios de comunicação, são alguns dos múltiplos e variados mecanismos desta disputa.6 Pode-se incluir aqui, as imagens que são formadas da terra de origem dos diversos grupos que compõem a sociedade em questão. Então, meu ponto de partida era a hipótese de que a hierarquia de classes e a estrutura do poder no Brasil são influenciadas pela herança africana, pela África propriamente dita, pelas relações que o Brasil estabelece com este continente e, particularmente, pelas idéias que aqui se forma sobre ele.

Assim, o pressuposto básico deste trabalho é o de que, no Brasil, a disputa em torno da idéia de África constitui-se como um aspecto decisivo na construção da identidade nacional e da hegemonia de classes. A imprensa tem sido, particularmente na segunda metade do século XX, um dos principais veículos utilizados pelas classes hegemônicas para estabelecer, reproduzir e consolidar sua supremacia na sociedade. Ressalta-se que as classes dirigentes não são um todo homogêneo e monolítico. Isto significa que a disputa de hegemonia é, também, uma luta entre as frações que controlam o poder e as riquezas. Analisar o discurso da imprensa pode revelar elementos comuns a todo o bloco que está no poder. Mas também pode revelar as divergências, as fricções no interior deste bloco.

Os órgãos de imprensa, ao longo do século XX, se converteram em empresas, negócios que antes de tudo visam obter lucros. A notícia tornou-se um produto e o leitor passou a ser um consumidor. Como empresa capitalista integra e defende o sistema. Os seus proprietários são empresários, parte das classes dirigentes, que possuem inegável força política. Um órgão de imprensa expressa, pois, interesses de classes sociais, seus
valores, objetivos, e sua cultura. Torna-se, portanto um meio interessante para investigarmos as idéias sobre a África. Seria impossível, num tempo limitado como é uma pesquisa de mestrado, analisar como toda imprensa brasileira representou toda África. A opção foi fazer o estudo de um caso específico: a independência de Angola aos olhos da Veja.

“Veja: os olhos do Brasil.” 7
A revista Veja pertence a um gênero de publicações que está aberto a todos os assuntos. Em suas páginas, encontramos informações, análise e comentários sobre política, economia, religião, comportamento, gente, arte, relações internacionais, esportes, movimentos sociais e atualidades, em seções fixas ou em matérias especiais.

Circulando em todo país, a revista possui um alcance e uma pontualidade, jamais igualados por qualquer outro órgão de imprensa durante um tempo tão longo. A primeira edição de VEJA foi publicada em 9 de setembro de 1968, com data de capa de 11 de setembro. Desde então, todas as semanas uma nova edição está nas bancas. É um caso único para o período em questão neste estudo. Segundo dados da própria VEJA, em sua edição especial de 30 anos, cada exemplar da revista é lido por quatro pessoas. No período estudado o crescimento da tiragem evoluiu conforme o gráfico abaixo.






FONTE: VEJA ANO 31 Nº. 42: 09/98, p. 112.

Seguindo esses dados, a revista seria lida por cerca de 592.400 em 1968 e por 996.800 em 1978. Os números podem parecer modestos ou insignificantes, mas cabe ressaltar que estamos tratando de uma publicação nacional num período em que não existiam jornais nacionais. A cadeia Última Hora estava fechada. A revista O Cruzeiro não era nem sombra do que foi nos anos 50. A Folha de São Paulo era um jornal menor. Só entre 1975 e 1977 inicia uma reforma para se tornar um jornal influente. Ainda hoje não deixa de ser uma publicação paulista. Não é nacional. No período analizado neste estudo o veículo de comunicação mais disseminado ainda era o rádio. Porém as rádios não constituíam redes integradas nacionalmente. Nem mesmo a televisão estava tão difundida. As redes de TV só começaram a se consolidar entre os anos 70/80.

A revista VEJA era, e é lida pelo empresariado, pelos políticos, governadores, intelectuais e parcelas das camadas médias. Um público estratégico, parte das classes dirigentes do país, que tem poder de formar opinião. Uma das premissas deste estudo é a de que o discurso da Veja expressa sentimentos, crenças e valores destas parcelas das classes dirigentes.

A escolha da Veja justifica-se pelo fato desta publicação afirmar sua intenção de não apenas relatar os acontecimentos, mas também de analisá-los, tirando suas conclusões. Em outras palavras, trata-se de um tipo de publicação que, “informa” e "opina". Diferentemente dos jornais que, na sua maioria, apenas reproduzem, na seção internacional, os informes das agências de notícias, a revista Veja tem cobertura e texto próprio. Ela processa os informes das agências e os demais relatos que obtém para apresentar a sua própria interpretação dos fatos internacionais. Por este motivo pode constituir um rico indicador de traços da mentalidade das classes dirigentes do Brasil.

A revista começou a ser publicada no ano de 1968. Exatamente quando a mudança do chefe de governo em Portugal colocou abertamente a questão das colônias como um problema a ser enfrentado pelos portugueses. O surgimento da revista ocorre num momento marcante do processo de descolonização das áreas invadidas por Portugal. Isto seria o bastante para esperarmos da VEJA uma cobertura atenta do problema.


“A violência explode em Angola, a colônia milionária.” 8
Ainda resta saber o porquê da escolha da independência de Angola. Os anos 70 foram caracterizados pela segunda etapa da luta de libertação dos povos africanos do jugo colonial. Os anos 50 e 60 assistiram ao surgimento de novas nações africanas, em geral, através de transições negociadas com as antigas metrópoles. Este foi caso das colônias dominadas pelo império britânico que adotou como política, para enfrentar a emergência nos movimentos pró-independência, a linha de “sair para ficar”. A independência política, assim conquistada, não significaria também independência econômica. A dependência neste terreno seria realimentada por privilégios e concessões que mantinha as ex-colônias como zona de influência das ex-metrópoles9.

O colonialismo português, o primeiro a se instalar em África, não pretendia sair. Acreditava que os territórios africanos eram parte integrante do mesmo Estado, da mesma Nação. Portugal seria, na concepção salazarista, um Estado Nação uno, formado por territórios descontínuos, espalhados por vários continentes. Assim sendo, seria inadmissível perder qualquer parte do "território nacional".10 mas os povos subjugados passaram para outra fase da sua resistência ao colonizador, iniciando a luta armada para conquistar definitivamente sua libertação. Os anos 70 registraram exatamente o desfecho desta luta com a emergência de novos estados africanos livres e soberanos.

A independência destas colônias ocorreria num momento em que a acirrada disputa entre as superpotências, EUA e URSS, perpassava todos os conflitos locais. Situação esta agravada com a crise do petróleo, matéria-prima estratégica, cujas reservas limitadas eram monopolizadas pelos países Árabes. Além destas questões havia ainda o conflito representado pela existência de regimes racistas de minoria branca na África do Sul e na Rodésia.

A independência das colônias portuguesas era, portanto um problema ao mesmo tempo interno, de cada uma delas; era um problema regional, da África Meridional onde os povos africanos enfrentavam os regimes racistas; mas era também um problema global, que repercutia no equilíbrio de poder entre as superpotências. Angola viveria a situação mais dramática de todas. A sua extensão territorial e suas riquezas naturais transformaram este país num ponto cobiçado e disputado. Angola independente poderia significar uma mudança substancial no panorama político, econômico e social da África o que teria implicações no sistema de poder global do período.

Os laços entre as duas margens do Atlântico

A opção pelo estudo desta parte da África está relacionada também com os laços históricos que unem Brasil e Angola11. Os dois países foram criados pela expansão colonial portuguesa. A economia montada para o enriquecimento metropolitano pressupunha a ligação estreita entre as duas colônias. Tratava-se de produzir açúcar no Brasil com a mão-de-obra africana escravizada. Os portos de Benguela, Cabinda e Luanda foram pontos de apoio para um tráfico humano intenso que ocorreu por um longo período. Do Brasil partiram as expedições que tentavam libertar Angola da dominação holandesa12. Roy Glasgow afirma que: “Angola era, quase uma colônia do Brasil”.13 José H. Rodrigues afirma que: “Angola era na verdade, uma dependência brasileira”. Ou ainda: “... O fim de Angola é servir escravos ao Brasil”, citando Antônio Vieira, Rodrigues afirma: “sem negros não há Pernambuco e sem Angola não há negros”.14.

Os laços entre o Brasil e Angola não ficaram restritos ao período da escravidão e do tráfico de escravos. A independência das colônias portuguesas na África ocorreu num momento em que o Brasil, vivendo sob uma ditadura militar, desenvolvia uma política de aproximação com aquele continente em busca de influência e espaço econômico. Alimentado pelo desejo de tornar-se grande potência capitalista ocidental, situada no hemisfério sul, o governo militar brasileiro, não seguiria num alinhamento automático com a política externa dos EUA. O governo do general Geisel desenvolveria então a política externa denominada de “Pragmatismo Responsável” que o levou a ser o primeiro país a instalar uma missão diplomática junto ao governo provisório de transição formado por três organizações, MPLA, FLNA e UNITA, e, em seguida, a ser também o primeiro a reconhecer o regime instalado em Luanda sob o controle do MPLA, como informava Veja:

“... o Brasil tenha sido o primeiro país a instalar uma missão diplomática credenciada junto ao governo de transição; e portanto perante os três movimentos de libertação nacional que o integram...”15

O reflexo no Brasil do surgimento destes novos Estados africanos seria outro motivo para pensarmos na cobertura que a imprensa dedicou a este assunto. Vale lembrar que, no período da independência das colônias portuguesas na África e da explosão do "poder negro" nos EUA, o movimento negro no Brasil entrava numa nova fase com o surgimento de organizações políticas a exemplo do Movimento Negro Unificado (MNU), e com a emergência de uma nova consciência negra traduzida pelos blocos afro que afirmavam a “beleza da negritude” cantando e valorizando a África e suas tradições.

O olhar da Veja
Os olhos da Veja na independência de Angola será assim um ponto fecundo para pensarmos como a imprensa brasileira constrói uma imagem da África. Os laços históricos que ligam Brasil e Angola, a inflexão na política externa brasileira naquele momento, os reflexos da independência para uma população brasileira afrodescendente, excluída e marginalizada; as implicações regionais do surgimento de um estado independente, rico e governado por negros socialistas, numa área dominada pelos regimes racistas, de minorias brancas, e os limites impostos pela guerra fria seriam motivos suficientes para esperarmos uma extensa e cuidadosa atenção de Veja ao processo de independência de Angola. Certamente não se deve fazer generalizações a partir deste caso especifico. No entanto, observando este exemplo de como um órgão de imprensa retratou um país africano, pensamos que, pelo exposto, trata-se de uma demonstração significativa da imagem que se constrói da África. Sobretudo se lembrarmos da natureza, do alcance e da longevidade da revista.

Analisei, para este estudo, todas as edições da revista Veja entre setembro de 1968 até dezembro de 1979. O ano de 68 marca o inicio da publicação com a circulação da primeira edição. A primeira referência feita pela revista Veja ao processo de independência de Angola está na sua edição Nº. 02: 18/09/68. O estudo vai até o ano de

1979 quando uma “fase se encerra” para a Revista, para Angola e para o Brasil. Em março deste ano o governo Geisel foi substituído pelo governo do general Figueiredo. Em setembro, Agostinho Neto, Presidente de Angola, faleceu. A troca de comando político nos dois países levou a Veja a publicar matérias extensas fazendo um balanço dos governos que se encerravam16. Para a revista, o ciclo se encerra com uma edição especial que faz um balanço das principais notícias da década.17

O padrão reproduzido: imagem negativa, omissão e distanciamento
A cobertura da Veja sobre a independência de Angola reproduziu o padrão das relações, das imagens negativas, da omissão e distanciamento que as classes dirigentes brasileiras desenvolveram com relação à África. Assim é que as lutas em Angola apareciam sempre como um subproduto da política interna de Portugal, quando aparecia, naturalmente. Todas as iniciativas dos diversos grupos que lutaram pela libertação não foram “importantes” ou “interessantes” nos critérios da Veja, pois simplesmente não foram relatados. Esporadicamente aparecia uma ou outra referência sobre o impacto destas iniciativas na política interna de Portugal. Não era, portanto, Angola que estava sendo noticiada, mas sim Portugal. Esta mesma perspectiva se renovou depois da proclamação da independência. A partir dai é a guerra fria, o avanço comunista ameaçando as reservas de matéria-prima do ocidente que se refletia no conflito angolano. Nos dois casos, o centro da abordagem era sempre externo.

Angola ocupou então, sempre, um papel secundário no texto da Veja. O lugar secundário de Angola aparece de modo vigoroso na explicação de Veja para a independência do país. No lugar da independência conquistada, o que ocorreu para a revista foi a descolonização concedida, a retirada, o desejo português de sair, livrar-se das suas colônias. Tudo conseqüência daquela data decisiva, o 25 de abril, dia do golpe que acabou com o Salazarismo. Os sujeitos africanos, os quatorze anos de guerra contra o exército português em Angola e nas outras colônias, que tão pesadamente oneraram a sociedade portuguesa nada significaram. Veja desprezou até mesmo o fato do golpe de 25 de abril, ou a Revolução dos Cravos, ter sido feito por um exército que não queria mais lutar, que não suportava mais a situação nas frentes de combate. Mais ainda, desconsiderava que o objetivo daquela revolução era justamente acabar com a guerra colonial e aceitar a independência reivindicada pelos africanos. Onde estaria o papel secundário e passivo dos angolanos?

Angola quando aparecia nas páginas da Veja vinha sempre associada, comparada ou identificada com uma natureza hostil. Deste modo eram descritos a vida, os costumes, as pessoas, as organizações e seus atos. As narrativas dos acontecimentos das guerras eram um exemplo eloqüente: era a “ferocidade”, “atrocidades”, “selvageria”, atitudes jogadas no terreno da irracionalidade, típicas de um mundo sem civilização. Mais uma
vez não se levava em conta o significado da colonização, da opressão secular, das mutilações criadas com fronteiras impostas artificialmente. Além disto, referia-se às “atrocidades” de guerra como se estas fossem um privilégio exclusivo, símbolo da selvageria típica, do homem africano.

O angolano para a Veja estava condenado a ser coadjuvante naquele espetáculo que ela denominou de descolonização e guerra fria. Marionete, no meio do jogo de interesses das grandes potências, fundou uma República que não se sustentaria sem a intervenção direta dos cubanos. O que dizer então da participação direta da África do Sul no conflito em favor da UNITA? Apenas uma modesta ajuda para evitar a expansão comunista. A revista descreveu a UNITA e, principalmente, a FLNA como anticomunistas e pró-ocidentais. Esqueceu-se, porém de dizer que suas interpretações e conclusões também o eram.

Veja surpreendia-se quando surgia uma iniciativa angolana que fugia do seu esquema explicativo. Para ela o angolano era o colonizado, subordinado, dependente, marionete, teleguiado. Incapaz, portanto, de estabelecer objetivos, fazer opções e desenvolver estratégias para atingir seus próprios objetivos. Por isso não entendia porque um governo comunista, como o do MPLA, que na lógica da guerra fria vista pela revista, deveria ser um satélite de Moscou, trabalhava para estabelecer relações normais com as “Potências Ocidentais” ou, diretamente falando, com os EUA. Seria isto uma atitude ilógica, irracional, pragmática, sem sentido ou significava uma opção bem definida de isolar adversários, para reconstruir o país com o mínimo de oposição?

Ao ler a Veja, infelizmente não se pode decidir. Opções abertas, alternativas variadas, fatos abordados em diferentes perspectivas não são os traços característicos da revista. Nela tem-se uma interpretação, uma imagem construída com base nos valores e opções político-ideológicos da empresa e dos indivíduos que editam a revista. Trata-se de uma abordagem monolítica na qual o oposto, o contraditório só aparece para ilustrar, ratificar e ampliar as conclusões da própria revista. Uma longa entrevista com Fidel Castro serve bem para confirmar a intervenção cubana em Angola, e o papel secundário que os angolanos desempenhavam na abordagem de Veja.


A revista Veja, que se auto definiu em uma campanha publicitária de 1998 como “Os olhos do Brasil18”, construiu, com suas ilustrações, mas principalmente com suas palavras, uma imagem da independência de Angola que, intencionalmente ou não, reproduz a relação que predominou nas classes dirigentes brasileira ao tratar da África: esquecimento, fuga e distância. Afinal de contas quem gostaria de ter laços estreitos com uma terra selvagem, dominada por gente sanguinária, metida numa guerra feroz, onde as maiores atrocidades eram cometidas?


Considerações finais
O Objetivo geral da pesquisa era analisar a imagem da África construída e reproduzida pela revista Veja, através da cobertura por ela dispensada ao processo de independência de Angola, estabelecendo as conexões de tal imagem com as atitudes das classes dirigentes do Brasil na sua relação com a África. Para tanto, inicialmente, procurei estabelecer as idéias de África, suas origens e evolução entre nós. Realizei uma reflexão sobre o processo de independência de Angola e o aparentemente surpreendente reconhecimento feito pelo governo da Ditadura Militar comandada na época pelo General Ernesto Geisel. Estudei a revista para identificar suas opções políticas e ideológicas, sua linha editorial. Finalmente caracterizei a cobertura que Veja deu à independência de Angola.


Ao iniciar a pesquisa acreditava que a revista reproduzia o pensamento racista das classes dirigentes brasileiras em relação ao continente africano. A hipótese inicial era de que a Veja seguiria aqueles dois padrões: a omissão e a imagem negativa. O estudo revelou que, além destes padrões, havia no discurso um forte componente anticomunista. Em momento de acirramento da Guerra Fria, a revista não deixava dúvidas da sua opção chegando inclusive a assumir posição contrária às ações do governo, amplificando posições da Linha Dura do regime militar. A Veja, em sua cobertura da independência de Angola, não só reproduzia uma idéia negativa da África como também participava ativamente dos embates políticos do período tanto entre os Pragmáticos e a Linha Dura do Regime Militar, quanto entre as superpotências.


A revista é uma fonte riquíssima para estudarmos a História da África. Nela é possível encontrar notícias sobre temas, períodos e diversas regiões do continente. É possível também captar a visão que determinado segmento social tem sobre o continente africano. Este estudo sobre Angola é um exemplo. Investigar a história utilizando a imprensa como fonte implicará sempre em identificar a linguagem específica do jornalismo e o padrão particular do veículo tratado ao editar suas matérias. Porém, antes de tudo é preciso sempre identificar os agentes, os sujeitos que produzem a notícia, sua cultura e seus interesses políticos e econômicos.

_________________________________________________________

1 Um versão inicial deste trabalho foi apresentada no I Congresso Baiano de Pesquisadores Negros.

2 Mestre em História pela UFBA. Atualmente é professor de História da África da UFRB (juvenalc@gmail.com)

3 Alberto da Costa e Silva, Um Rio Chamado Atlântico: A África no Brasil e o Brasil na África, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.

4José Honório Rodrigues, Brasil e África. Outro Horizonte, Rio de Janeiro: Civilização, 1961.

5Ver a este respeito Beto Mussa, “Estereótipos do Negro na Literatura Brasileira: Sistema e Motivação Histórica” IN: Cadernos da Cândido Mendes, Estudos afro-asiáticos, n.º 16 p.70-78, Rio de Janeiro, 1989.

6 Mussa, “Estereótipos...”, p.70-78.

7 Veja, ANO 31, Nº. 42, 09/98.

8 Veja, 308:31/07/74 P.49

9 Sobre processo de descolonização da África no pós-guerra ver: Roland Oliver, A experiência africana. Rio de janeiro: JORGE Zahar, 1994; José Flávio Sombra Saraiva, A formação da África contemporânea, Campinas: atual editora, 1993; Letícia Bicalho Canêdo, A descolonização da Ásia e da África Campinas: atual editora, 1990; Mustafá Yazbek, Argélia: A guerra da independência. São Paulo: brasiliense, 1983; Charles Martin, “A estratégia de descolonização de NKRUMAH: originalidade e classismo” IN: SANTIAGO, Theo (org.) descolonização. Rio de janeiro: livraria Francisco Alves, 1977.

10 Uma noção inicial do colonialismo Português na África pode ser obtida em A. H. Oliveira Marques, Historia de Portugal, 1981; Armando Castro, Sistema Colonial Português em África, 1978 e Marcelo Caetano, Depoimento. Rio de Janeiro Record, 1974.

11 As referencias a tais laços podem ser encontradas em José Honório Rodrigues, Brasil e África. Outro Horizonte. Rio de Janeiro: Civilização, 1961; Roy Glasgow, NZINGA. São Paulo: perspectiva, 1982, pp. 7-8; Selma Pantoja e José Flávio Sombra Saraiva (org.) Angola e Brasil nas rotas do atlântico sul. Rio de janeiro. Bertrand do Brasil, 1999; Luiz Felipe Alencastro. TRATO DOS VIVENTES. São Paulo. Companhia das Letras, 2000.

12 RODRIGUES, Brasil e África..., p. 19-23

13 GLASGOW, Nzinga, P.8

14 RODRIGUES, Brasil e África..., p.17 e p. 22

15 Veja, 355:25/06/75 P. 34

16 Veja, 549:14/03/79 e 576:19/09/79.

17 Veja, 590:26/12/79.

18 Veja, ANO 31, Nº. 42, 09/98.


Fontes
A fonte primária deste estudo é a Revista VEJA desde seu Nº. 01, de 11/09/68 até o Nº. 590 de 26/12/79. Além destas, analisei também a edição especial de 30 anos de VEJA, publicada em setembro de 1998. São 591 edições das quais 76 fazem referências ou tratam da independência de Angola.


Referências bibliográficas
*ALENCASTRO, Luiz Felipe. Trato dos viventes. São Paulo. Companhia das Letras, 2000.

*CAETANO, Marcelo, Depoimento. Rio de Janeiro Record, 1974.

*CANÊDO, Letícia Bicalho. A descolonização da Ásia e da África Campinas: atual editora,1990.

*CARVALHO, Juvenal de. Veja: um olhar sobre a independência de Angola. Dissertação de Mestrado. Salvador, Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Bahia, 2002.

*CASTRO, Armando. Sistema Colonial Português em África, 1978.

*GLASGOW, Roy. Nzinga. São Paulo: perspectiva, 1982.

*MARTAN, Charles. “A estratégia de descolonização de NKRUMAH: originalidade e classismo” IN: SANTIAGO, Theo (org.) descolonização. Rio de janeiro: livraria Francisco Alves, 1977.

*MARQUES, A. H. Oliveira. Historia de Portugal. Lisboa: Palas Editores. 2ª. Ed. 1981.

*MUSSA, Beto. “Estereótipos do Negro na Literatura Brasileira: Sistema e Motivação Histórica” IN: Cadernos da Cândido Mendes, Estudos afro-asiáticos, n.º 16 p.70-78, Rio de Janeiro, 1989.

*OLIVER, Roland. A experiência africana. Rio de janeiro: JORGE Zahar, 1994

*PANTOJA, Selma SARAIVA, José Flávio Sombra (org.) Angola e Brasil nas rotas do atlântico sul. Rio de janeiro. Bertrand do Brasil, 1999.

*RODRIGUES, José Honório. Brasil e África. Outro Horizonte, Rio de Janeiro: Civilização,1961.

*SILVA, Alberto da Costa. Um Rio Chamado Atlântico: A África no Brasil e o Brasil na África, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.

*SARAIVA, José Flávio Sombra. A formação da África contemporânea, Campinas: atual editora, 1993.

*YAZBEK, Mustafá. Argélia: A guerra da independência. São Paulo: brasiliense, 1983.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

“África, imprensa e História: O caso da Independência de Angola”


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Centro de Artes Humanidades e Letras
Grupo de Pesquisa Corpo e Cultura
Seminários: Corpo e Política
“África, imprensa e História:
O caso da Independência de Angola”


Juvenal de Carvalho
Mestre em História (UFBA)
Professor Assistente CAHL/UFRB


Quando: 14 de abril de 2011 – 19:00hs
Onde: Pós-Graduação em Ciências Sociais - CAHL/UFRB (Prédio do Hansen) 

quarta-feira, 6 de abril de 2011

I ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESTUDOS AFRICANOS – 

NEAF/UFF


O campo de estudos africanos vem se desenvolvendo rapidamente no Brasil nos últimos anos. Tal desenvolvimento pode ser vislumbrado na ampliação do número de professores especialistas nos departamentos de universidades públicas e privadas, no aumento significativo do número de doutorados defendidos relacionados com a área e no surgimento de espaços de debate e discussão das pesquisas em âmbito regional e nacional. 


Assim, pretendendo estabelecer um fórum permanente de discussão de temas relativos à história da África, e fomentar a consolidação deste amplo campo de pesquisas, o NEAF (Núcleo de Estudos Brasil-África) e o Departamento de História da Universidade Federal Fluminense convidam pesquisadores em vários níveis de formação à participar do Primeiro Encontro Internacional de Estudos Africanos da UFF, no campus do Gragoatá em Niterói nos dias 24, 25 e 26 de maio de 2011. 


Programação:


  • Dia 16/05 – SEGUNDA FEIRA

 18:30 – Mesa de Abertura
Laura Padilha

19:00 - Conferência Inaugural
Joseph Miller (University of Virginia)
Moderador: Alexsander Gebara



  • Dia 17/05 – TERÇA FEIRA

9:00 – 12:00 – Mesa 1 –  Estado e Sociedade no pós independência.
Moderador: Alexsander Gebara

- Inácio Luiz Guimarães Marques (Mestrando – UFF) - As memórias nitistas do 27 de maio de 1977 em Angola.

- José da Purificação Daniel (Mestrando – COLSON/México) – Gobernabilidad y politicas publicas em Angola.

- Osmundo Pinho (Professor – UFRB) – O preço da noiva e o Homem Novo em Moçambique.

- Rita de Cássia Barbosa Barros (Doutoranda – UNICAMP) – Quem determina a fragilidade dos Estados Africanos.

- Simão Souindoula (Vice-Presidente do Comitê Internacional do Projecto da UNESCO "A Rota do Escravo") Os golpes de estado em África do período multipartidário, anagéneses a democracia.

- Tatiana Pereira Pinto (Mestranda – UFF) – Modernidade x Tradição: homem novo e o 'problema' racial e étnico em Angola.


12:00 – 13:30 – Almoço


13:30 – 16:00 – Mesa 2 – Religião e Comércio na África Centro-Ocidental.
Moderador: Cristina Wissenbach

- Camilla Agostini (Doutoranda – UFF) – A ação de objetos e o 'encantamento do mundo' na África Central, séc. XIX.

- Carlos Gabriel Guimarães (Professor – UFF) – As Firmas inglesas no tráfico atlântico brasileiro: o caso da Carruthers & Co. (1831-1850)

- Roberto Guedes (Professor – UFRRJ) – Notícias de Benguela (finais do século XVIII).

- Thiago Clemêncio Sapede (Mestrando – USP) – Negócio e Fé: Missão católica e tráfico de escravos no reino do Congo 1777-1796.

- Ingrid Silva de Oliveira (Doutoranda – UFF) – Portugueses x capuchinhos: suspeita e vigilância lusitana diante das atividades capuchinhas na África Centro-Ocidental. (século XVIII). 

16:00 – 16:30 – Intervalo.


16:30 – 18:30 – Mesa 3 – Estudos Linguísticos
Moderador: Mariza de Carvalho Soares

- Jean Pierre Angenot, (Professor Titular – UNIR), Ndonga Mfuwa (Professor Visitante – UNIR), Joane de Lima Santiago (Mestranda – Federal de Rondônia) – Classificação tipológica do Pala, uma língua angolana que ficou 'esquecida' pela bantuística até 2010.

- Maria de Fátima Lima de Sousa (Doutoranda – Universidade Agostinho Neto), Vatomene Kukanda (Doutor – Universidade de Tubingen Alemanha) – Aspectos da fonologia e da morfologia do songo, uma língua bantu angolana ainda não documentada.

- Oziel Marques da Silva (Doutorando – Universidade Agostinho Neto), Zavoni Ntondo (Professor – UNIR) – Aspectos da fonologia e da morfologia do Lwimbi, uma língua bantu angolana ainda não documentada.

- Rosa Maria de Lima Ribeiro (Professora – UNIR), Jacky Maniacky (Doutor – Museu Real da África Central, Tevuren, Bélgica) – Estudo comparativo do vocabulário religioso nas línguas banto da região Kongo-Angola.

 19:00 – Conferência
Alberto da Costa e Silva – Academia Brasileira de Letras
Moderador: Alexandre Vieira Ribeiro


  • Dia 18/05 – QUARTA FEIRA

9:00 – 12:00 – Mesa 4 – Africanos e a expansão Colonial.
Moderador: Marcelo Bittencourt

- Alexsander Gebara (Professor – UFF) – Viajantes Britânicos e a busca pelo Níger.

- Andrea Marzano (Professora – UNIRIO) – Identidades em jogo: o esporte em Luanda.

- Marina Berthet (Professora – UFJF) – Discursos coloniais sobre a questão do trabalho em São Tomé e Príncipe entre 1875 e 1950.

- Matheus Serva Pereira (Mestrando – UFF) – 'Anúncios e comunicados: 80 réis por linha': propagandas e cotidiano nas páginas d'O africano'.

- Regiane Augusto de Mattos (Doutoranda – USP) – Islã e resistência: o sultanado de Angoche contra a dominação portuguesa no norte de Moçambique

- Silvio de Souza Correa (Professor – UFSC) – “Ou temos uma colônia ou um jardim zoológico”: Sociedade e ambiente na 'Africa alemã'

12:00 – 13:30 – Almoço


13:30 – 16:00 – Mesa 5 – África Ocidental: Interpretações e estruturas sociais.
Moderador: Andrea Marzano

- Alexandre Vieira Ribeiro (Professor – UFF) – A estrutura do comércio de escravos no Reino do Daomé.  

- Cecília Silva Guimarães (Mestre – UNIRIO) – São Tomé – século XVI: os conflitos com Portugal e Congo e a aproximação com Angola.

- Elaine Ribeiro (Professora – UNIFAL) – O Daomé como um evento histórico.

- Lia Dias Laranjeira (Mestre – UFBA) – Narrativa mítica e conflito: Relações entre o culto da serpente e identidade étnica no reino de Uidá.

- Rodrigo Faustinoni Bonciani (Doutor – USP) – A emergência de uma sociedade nova em São Tomé (1485-1530).

16:00 – 16:30 – Intervalo.


16:30 – 18:30 – Mesa 6 – Ensino e Estudos africanos no Brasil.
Moderador: Silvio de Almeida Carvalho Filho

   - Gilson Brandão de Oliveira Jr. (Doutorando – UNB) – Entre Áfricas: a    problematização sugerida pelos conceitos 'África Afetiva' e 'África Efetiva'   diante da institucionalização dos estudos africanos no Brasil.

   - Marta Jardim (Professora – UNICAMP) – O que é isto África? Reflexões e justificativas para uma pesquisa.

  - Mônica Lima (Professora – UFRJ) – Ensino de história da África.

  - Tânia Mara Pedroso Muller (Professora – UFF) – A África e o negro no livro didático do ensino fundamental.

   19:00 – Conferência
   Jean-Michel Mabeko Tali (Howard University)
    Moderador: Marcelo Bittencourt



  • Dia 19/05 – QUINTA FEIRA


    9:00 – 12:00 - Mesa 7 – Literatura e identidades.
    Moderador: Alexandre Vieira Ribeiro

    - Alyxandra Gomes Nunes (Doutoranda – UFBA) – Considerações sobre Chimamanda Adichie & a literatura sobre a guerra de Biafra.

    - Angela Figueiredo (Professora – UFRB) – Atividades econômicas desenvolvidas por mulheres rabidantes em Praia – Cabo Verde.

    - Luena Nunes Pereira (Professora – UFRRJ) – Trânsitos identitários: repensando raça e religião no Brasil a partir de Luanda.

    - Roberta Guimarães Franco (Doutoranda – UFF) – A infância em diferença na obra infantil 'Ynari, a menina das cinco tranças,' de Ondjaki.

    - Silvio de Almeida Carvalho Filho (Professor – UFRJ/UERJ) – Predadores: Reflexões sobre o Estado e a Sociedade Civil angolanos.

    - Victor Melo (Professor – UFRJ) – Diálogos possíveis entre os estudos africanos, os estudos do esporte e os estudos pós-coloniais. 

    12:00 – 13:30 – Almoço


    13:30 – 16:00 – Mesa 8 – Trabalho, vivências e conflitos coloniais.
    Moderador: Vanicléia Santos

    - Fernanda Thomaz (Doutoranda – UFF) – Que justiça deve-se aplicar? Discurso colonial sobre direito específico para os africanos em Moçambique.

    - Giovani Grillo de Salve (Mestrando – UNICAMP) – 'Direitos para todos que não sejam nativos': Assimilação e a construção do direito ao sufrágio na Cidade do Cabo, 1906.

    - Marly Spacachieri (Mestre – USP) – Os achicunda da África Oriental Portuguesa: escravos-guerreiros a serviço da administração colonial e dos senhores dos prazos da coroa, entrelaçãdos e imprescindíveis à existência da 'sociedade mozungo'.

    - Marcelo Bittencourt (Professor – UFF) – Controle e repressão aos clubes esportivos na Angola colonial.

    - Valdemir Zamparoni (Professor – UFBA) – Práticas de cura africanas e a medicina ocidental: encontros, desencontros e confrontos - os casos de Angola e Moçambique.

    16:00 – 16:30 – Intervalo.


    16:30 – 18:30 – Mesa 9 – Estruturas de poder na África Centro-Ocidental
    Moderador: Mônica Lima

    - Flávia Maria de Carvalho (Doutoranda – UFF) – O antigo reino do Ndongo no contexto da Restauração Portuguesa: mbundus, portugueses e holandeses na África Centro Ocidental (1640-1671).

    - Juliana Ribeiro Bevilacqua (Mestre – USP) – O ferreiro e o processo de legitimação do poder na África central.

    - Mariana B. Fonseca (Mestranda – UFF) – Nzinga Mbandi contra os portugueses em Angola. Século XVII.

    - Mariza de Carvalho Soares (Professora – UFF) – Um trono do Daomé no Brasil.

    19:00 – Conferência
    Catarina Madeira Santos (École des Hautes Études en Sciences Sociales)
    Moderador: Mariza de Carvalho Soares